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27 de março.
Há 51 anos nascia um dos poetas mais cativantes que este país já viu.
Renato sempre fez parte da minha vida.
Escuto Legião Urbana desde criança, desde bebê. Me traz boas lembranças. Muito boas.
Lembranças que me remetem ao meu querido irmão.
Daquele tempo em que eu era criança, e apenas descobria o mundo. Não precisa pensar nem analisar, apenas saber de tudo que existe e de tudo que acontece. Tempo em que eu podia constatar algum aspecto bastante cruel da vida - como crianças, exatamente como eu na época, dormindo em papelões no frio curitibano e passando fome; coisa que por sinal eu nunca entendi -, e simplesmente ignorar, pensar que não era verdade, e inventar a história do mundo com meus brinquedos. Eles me bastavam.
Do tempo que eu colocava os vinis na sala e ficava pensando o dia todo no meu irmão, desejando que ele voltasse pra casa logo.
Ele é fanático por legião - ou era, hoje o coitado não tem mais tempo pra nada - e eu era fanática por ele. Logo, adorava estar em contato com as coisas que ele adorava, apenas pra poder sentí-lo mais perto de mim, visto que ele saía o dia todo e saiu de casa quando eu tinha apenas 7 anos.
Foi desde pequena que aprendi a gostar de ouvir as músicas do Renato. Não somente pelo meu irmão. Mas por, de alguma forma, sentir as músicas. É claro que eu não entendia bulhufas do que estava sendo dito, e olha que eu tentava, como tentava! Mas as coisas não faziam sentido no meu pequeno universo resumido a poucas palavras. Mas a música, a melodia... diziam tudo.
Não raros eram os dias que eu sentava na sala, sozinha, colocava um vinil e escutava Legião por horas e horas. Pensava nas letras. Tentava entender todo o sentimento que aquela voz me fazia perceber. Chorei muitas vezes. Sem nem mesmo entender uma palavra. Dizem que a música é a linguagem universal, não é?
E sinto as músicas até hoje.
Não raro me pego com vontade de ouvir Legião.
Concordo com meu irmão que não é todo dia que se pode ser legionário; não é todo dia que estamos no clima de ouvir Renato Russo.
Mas sua presença sempre foi constante em minha vida. Sempre.
Ouso dizer que conheço quase todas as músicas.
Sei cantar, e sei o que cada uma significa pra mim.

Legião Urbana é parte da minha vida.
Sei que há quem ame, e há quem odeie, e arrisco dizer que quem odeia é porque não entende.
Simplesmente assim.
Eu entendo, cada momento de uma forma.
E me sinto acolhida, e compreendida.
E com uma angústia no peito que só quem sente sabe o que é.
Mas sempre com a nostalgia presente.
De um tempo ruim, mas ao mesmo tempo bom, que não volta mais...
Pra fechar, termino o post com uma das músicas que mais me dá nostalgia.
Do tempo que eu ficava pensando o que seria ter amigos, que precisavam trabalhar; o que seria essa coisa de não ter dinheiro; o que seria viver nesse mundo, que diziam ser tão difícil; sempre quis entender porque ele, homem feito, tinha medo e não conseguia dormir.
Hoje em dia eu sei.
E nesses dias tão estranhos, fica a poeira se escondendo pelos cantos...