sábado, 21 de janeiro de 2012

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

conjunto vazio


Não sirvo pra fazer ninguém feliz.
Não sou suficiente em nada. Absolutamente nada. Não sei o que vêem em mim, mas certamente a bondade está nos olhos de quem vê. Cada um enxerga o que quer e da forma que bem entender e quando olham pra mim, sempre vestem as lentes da benevolência.

Em nada sou útil, nada do pouco que sei serve pra alguma coisa.
Nada sei. Muito menos sei quem sou.
Sei que amo. Que choro. Que penso. E que sofro.
Sei também que odeio e que desprezo. Menosprezo. Mas não minto.

Tudo que eu toco se desfaz. Tudo que eu olho vira pedra.
Tudo que eu sinto não importa. Tudo que eu faço é um erro.
O meu tudo vira um grande nada aqui dentro.
Preencho o vazio, mas ele não me preenche.

Acrescento nada para ninguém. Não faço diferença.
Às vezes contribuo negativamente.
Nada do que tenho ou sou é bom. Nada sou.
O nada sou eu.

Acho que nem existo.
Quem dera eu realmente não existisse.
Sou um conjunto de tantas coisas que não deveriam existir.

quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

conteúdo


Dizem que o vazio contem tudo. Não me lembro onde li isso, só sei que pela primeira vez na vida essa frase começa a me fazer sentido. É um paradoxo, pois  o tudo é tão grande que quando a gente se depara com ele, tudo que vemos é um grande vazio.

Acho que estou encarando o tudo da vida. Não o todo, mas o tudo. São coisas diferentes. Meus olhos são incapazes de ver o todo, mas podem vislumbrar tudo que quiserem. Tudo que  se permitirem. Época de permissão, de concessão, de extravasar. Tempo de liberdade. Tempo de soltar-se de amarras, ou escolher aonde quero me amarrar.

É um tempo bom. Tem sido um tempo muito bom. E aí surge uma coisa curiosa. Sempre botei a culpa de tudo que não dá certo, na loucura. Ela foi sempre a culpada. Sempre a que impediu a vida de acontecer. A que sempre me amarrou. Pois bem, ouso dizer que tem sido tempo de sanidade. Talvez não plena,  mas jamais estive mais sã do que agora. E o que faço? O que quero? Vejo que a culpa não foi da loucura. A culpa por não ter feito nada. A culpa também não é da sanidade.
Seria a loucura a desculpa perfeita que arrumei esses anos todos pra não, de fato, viver? Por que eu fujo tanto assim da vida? Antes eu achava que ela fugia de mim, mas hoje vejo que eu estava errada. Ela não foge. Eu fujo. Eu corro. Eu me escondo.

Sempre quis tanta coisa, tanta coisa que me parecia tão distante porque algo me impedia. Hoje nada me impede e tudo está tão perto. Perto demais, que até mesmo vira um grande vazio.
Muitas possibilidades. Tantas que até me perco. Tantas que não sei qual escolher. Tantas que nenhuma me apetece. Quero tudo. Quero nada. Talvez isso queira dizer exatamente a mesma coisa, não é? Vai ver que não mudei em nada. Vai ver que o nada e o tudo são a mesma coisa e me contemplam o tempo todo. Preciso lidar com meu nada. Preciso me achar nesse tudo.

Não estou triste. Apenas sem saber o que fazer. Parece que é tudo tão bom que não quero escolher... queria me jogar na imensidão desse tudo. Queria conter tudo, e queria que tudo me contivesse.

E no vazio dos dias, vejo a plenitude em cada coisa e me pergunto: o que sou?

Acho que não sei quem sou, só sei do que não gosto. E nesses dias tão estranhos, fica a poeira se escondendo pelos cantos.

segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

amarguras


O gosto do café amargo não é tão intenso quanto a amargura do meu dia.
Arrependimento não mata, mas machuca. Arrependimento mata aos poucos, dia a dia.
Errar não é normal. Se o erro fosse assim tão corriqueiro, não deixava a gente triste, não estragava parte do que somos. Sei que a cada erro, uma parte de nós desmorona, cai no chão. E isso não adianta negar.
A cada erro eu morro lentamente. E mato tudo que existe aqui dentro e lá fora. Não quero matar você, nem quero matar a gente. Mas nesse momento, parte de mim está morta. E a outra parte querendo morrer.