sábado, 30 de julho de 2011

O mal do século

" E mentir é fácil demais... mentir é fácil demais.... "

São tantos males hoje em dia, que fica difícil escolher um só.

Na verdade, eu sei muito bem qual é o mal do século, porém não é dele que vou falar hoje. Me permito 15 minutos ( na real, tá mais pra 15h, ou 15 dias, mas enfim) de surto psicótico, com crenças bizarras em coisas não tão confiáveis – ou não -.

O mal dessa vez, é o mesmo de sempre. Aquele que me faz sentir a pior das idiotas do mundo. Aquele gosto amargo da frustração e aquela sensação nitidamente azeda de estar sendo, mais uma vez, vítima da minha crença no que as pessoas me falam. Devo dizer, com toda a sinceridade, que não é fácil hoje em dia me fazer acreditar. Não é fácil tirar-me o viés de desconfinça. Não me deixo levar mais, pelo menos é o que achava. Já tenho tantas cicatrizes que jurei pra mim mesma nunca mais acreditar em coisas que não existem, desde elefantes rosa até promessas de alguém.

E eu achei que estava indo bem, juro que achei. Por algum tempo pensei que nada nem ninguém mais me faria sofrer. “Nada mais vai me ferir, é que eu já me acostumei, com a estrada errada que eu segui, com a  minha própria lei”. E em certos aspectos, minha lei é extremamente exigente e intolerante. Odeio me frustrar. Odeio criar falsas esperanças.

Tem uma parte de mim tão descrente e amarga quanto um velho, ao fim de sua vida, abandonado num asilo por todos aqueles que um dia disseram – e juraram – lhe amar. Essa parte de mim existe, e por muitas vezes é soberana. Foi uma necessidade real e concreta tornar esta parte soberana. Pra não sofrer. Pra não surtar.

Mas tem outra parte... ah, tão doce. Tão ingênua e tão meiga, tão feliz e saltitante. Tão esperançosa de que, tá, dessa vez vai sim ser diferente! Tão cheia de certeza, sem medo de se entregar, de acreditar, de se doar cem por cento. E confesso que morro de dó dessa parte, porque ela sofre tanto. Muito mais intensamente do que minha parte velha abandonada num asilo, pode ter certeza.

E por tanto tempo tentei extingui-la – essa parte que acredita -, mas ainda há algumas coisas ou pessoas que fazem ela surgir, ainda que contra a minha vontade.

E é tão bom enquanto dura. Tão bom.

Mas não importa, não importa o que eu faça, dura pouco. Sempre dura pouco. Nunca é real.
A frustração sempre vem ao meu encontro. Meus olhos invariavelmente abrem suas portas, e aquele gosto salgado na boca permanece por algum tempo. Tempo suficiente pra que eu não saiba nem pra onde ir, ou pra onde correr.

Sei que sou sempre a que fala demais, come demais, sente demais, pensa demais, age demais, dorme demais. Sempre sou a exagerada demais. Eu (quase) sempre estou nos extremos. Eu quase sempre tenho motivos pra sentir aquele gosto salgado na boca.

Eu confesso que me odeio um pouco por ser tão exagerada. Por que eu não posso ter a capacidade de julgamento como uma pessoa normal? Por que eu nunca sei o que vai ser bom ou ruim? Por que eu sempre escolho a porta errada?

Chego a concluir que todas as portas são erradas. E parte de mim aprendeu isso há muito, muito tempo. Só que não é sempre que a gente se contenta em apenas observar a vida lá fora pela janela.

Tentar viver é algo que me acontecesse de tempos em tempos. Tentar. Nunca consegui.

Concluo, pela milionésima vez, que nada é capaz de me tirar esse salgado da boca e me dar abrigo. Infelizmente, mais uma vez o sabor da frustração vem me lembrar de que infelizmente estou viva, apesar de o meu bote quase afundar tantas e tantas vezes. Nenhuma âncora, nenhum cais. Nada.

E digam o que disserem, o mal do século é, de fato, a solidão.




"And where, where do I go to feel good?"





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