quarta-feira, 30 de outubro de 2013

1º de julho

Estou com uma música há alguns dias na cabeça, uma música que adoro. E dela, uma frase em particular não me sai da cabeça, pois sempre concordei muito com tal frase, mas ultimamente tenho pensado sobre ela toda vez que escuto a música e já não consigo ter tanta credulidade assim nela.

"Não basta o compromisso, vale mais o coração".

Adoro essa música, mas ler esta frase me deixa um pouco confusa.
Dizer que é mais importante "o coração" não faz com que esqueçamos dos compromissos marcados e das nossas necessidades? Não faz com que anulemos parte de nós em nome de um sentimento? Seria isso justo?
Será que mudar-se, ou esquecer-se, pra manter um sentimento provavelmente passageiro não é uma grande causa de sofrimento?
Sentimentos vem e vão. Pessoas também. O que sempre permanece é o que somos, o que fizemos de nós.
Pessoas e sentimentos vem e vão? Não é possível que algo perdure?
Me perco na volatilidade do tempo e das coisas.  Me perco no imediatismo de nossa era.
Mesmo sabendo que o ritmo com o qual aprendemos a viver é o ritmo ditado de fora, ritmo socialmente imposto – pra tudo, objetividades e subjetividades -, isso não me impede de sofrer com minhas próprias necessidades. Necessidades vindas do externo? Impostas culturalmente? Possível. Provável. Mas isso não me faz parar de sofrer.
Viver no meu próprio ritmo me faz entrar em contraste com o mundo. Me adequar ao ritmo do mundo me faz entrar em conflito comigo mesma. Exigir do externo que aja na mesma batida do meu próprio ritmo gera sofrimento pra ambos os lados.
E é exatamente nesse momento que entra “o coração”. O fato de sentir dá aval pra que este sentimento seja colocado em primeiro plano, em foco, e que todo o resto seja menos importante?
E as promessas feitas? E os planos e compromissos? Como fica a vida nisso tudo?
Será que sentimentos e pessoas mudam em nossas vidas porque não temos paciência e dedicação suficientes com eles – por agir de acordo com o ritmo do mundo que exige respostas e acontecimentos rápidos –, ou será que só mudamos de foco justamente pela falta de paciência?
Me perco tentando entender a volatilidade dos dias, dos momentos e dos sentimentos. Não me apego a quantidades, sou do tipo contemplativo. Sempre achei que o coração valia mais.
Resta saber se “o coração” é mesmo o melhor pra nós. Na verdade, é bem possível que nem seja o coração que comande essa teimosia em contemplar poucas coisas na vida, mas sim um buraco negro interno que suga as energias, que muda o foco, que muda os planos, que destrói o que muitas vezes nem começou direito. Um lobo que se veste de carneiro. Uma armadilha em nome do verbo amar.
Talvez o coração seja aquela voz abafada lá no fundo, que chamamos de racional, pedindo respeito, pedindo compromisso, pedindo sossego. Talvez o coração seja aquele que só quer uma calmaria e um pouco de atenção, e não essa mudança maníaca de afetos e focos.
Quem sabe a intransigência seja parte necessária para existir, para não se anular, não desaparecer. E assim, é possível que o acerto resida justamente onde pensamos que more o erro.
Sinceramente, não sei se estou pronta pra acertar.

"Sou fera, sou bicho, sou anjo e sou mulher
Sou minha mãe, minha filha, minha irmã, minha menina
Mas sou minha, só minha
E não de quem quiser.
Sou deus, tua deusa meu amor."

segunda-feira, 28 de outubro de 2013

A consulta

Bah, esse é antigo. De quatro anos atrás. Devo ter escrito em alguma aula chata da faculdade. Talvez pensando na empatia com os pacientes em consulta. Talvez não. Quem sabe seja apenas mais um fruto das paredes de espelho que construí.


"Tum tum... tum tum...o coração batia tão alto e forte no peito que o fez acordar no pulo, ofegante, como se alguém furiosamente batesse à porta. Num gesto concomitante abriu os olhos e sentou na cama, enquanto ouvia aquela batida intensa e mortificante, sentia que algo de muito ruim estava prestes a acontecer. Pior, já estava acontecendo, ele só não sabia nem como nem aonde! Enquanto a respiração ofegante lhe sugava as energias, teve a mais tenebrosa lembrança: era dia de consulta. Ao pensar nisso, o bichano de dentro do peito pulou três vezes mais forte, como se estivesse tentando sair realmente pela boca, numa tentativa de livrar-se da tão temida tarefa do dia. Não adianta, não tem jeito, tentava conversar consigo mesmo. Sabe que não tem o que fazer com relação a isso, eram necessárias essas horas periódicas entre médico e paciente, ver como anda o tratamento, se os remédios estão dando certo, se a doença está controlada, era sempre tudo igual. Senta, fala, fala, remédio, reconsulta... de tempos em tempos, tudo se repete. Enquanto lavava o rosto, se viu no espelho, e parou. Ao contemplar-se, procurava entender o porque de ser sempre assim, esse medo, essa angústia. Afinal, é apenas consulta. Acaso não tem experiência com isso? Há quantos anos lida com essas idas e vindas, esses rituais de remédios, essas longas conversas dentro das paredes úmidas e obscuras de consultórios psiquiátricos? Tentava entender-se, porém a cada vez que pensava na conversa que teria dentro de poucos minutos, tremia por inteiro. Conversar sobre essas coisas é para os fortes, pensava. Só louco mesmo para falar sobre seus monstros internos, seus medos mais sem eira nem beira, seus pensamentos mais sem lógica, aqueles que todo mundo tem, mas que a maioria nega ter um dia sequer pensado. Ter pensamentos insanos não é nada; louco mesmo é quem assume que os tem. Enquanto pensava isso, saía de casa, mas sem pressa, apesar da contínua taquicardia. A cada quarteirão, o coração batia mais forte, e mais forte, e mais forte, como se carregasse dentro de si toda a angústia do mundo concentrada em algumas poucas fibras musculares, dando o melhor de si para que essa energia se dissipasse e não viesse a explodir de uma só vez. Mal conseguia respirar, uma água por favor! Agarrou aquela garrafa de água como se fosse um voto de indulgência, e enquanto a tomava e a sentia apagar, de maneira bem tímida e incompetente, o fogo que sentia dentro de si, olhava todo aquele movimento ao redor, as faces, os passos largos e decididos, a falta de expressão naqueles rostos apressados, e pensava que aqueles ali poderiam estar indo enfrentar o dia do diabo que fosse, mas nada se compararia ao que estava prestes a enfrentar. Quem ali aguentaria uma hora de consulta? Fez-se um nó em sua garganta, e decidiu que, querendo ou não, era preciso enfrentar o desafio. Foi assim que lançou-se em direção ao consultório, rezando para que fosse o que Deus, ou seja lá qual força que rege o universo, quisesse. Chegou lá, deu bom dia ao porteiro. Elevador lotado, apertou o décimo primeiro andar, e repetia pra si mesmo numa tentativa falha de convencer-se de que ninguém conseguia ouvir suas batidas do peito, só ele mesmo. Tentou fazer ‘cara de normal’ enquanto o elevador pingava de andar em andar. Não queria que ninguém o achasse maluco.
Até que chegou seu andar, abriu a porta, não havia ninguém na sala de espera. A secretária fitou-o por alguns segundos, e então disse, num tom alegremente falso, bom dia. Não a respondeu. Sentia que estava pálido, e seguiu reto até encontrar a cadeira. Sentou-se, desapertou um pouco o nó da gravata e esticou-se tentando buscar algum conforto físico diante de todo o desconforto psicológico em que se encontrava. Ela, com cara de assustada, não sabia o que fazer e perguntou: está tudo bem? Nem conseguia falar. Apenas fez um gesto com a mão, como quem diz que não há nada que se possa ser feito. Ela abriu a porta do consultório, ele entrou. Parou logo após adentrar a porta, e em pé, fitou a sala. Olhou tudo ao redor, aqueles móveis escuros, aquelas luzes meio apagadas, que dão um clima sério e conspirador. Móveis de bom gosto, assumia. Janela fechada. Livros, muito livros, nada sob a mesa. Nada além do prontuário, de uma caneta, e... só. Era tudo que se precisava pra consulta, não era? Respirou fundo, repetia mentalmente em poucos segundos tudo que ensaiara em casa para falar na consulta, mas nessas horas de nervosismo a memória varre tudo pra debaixo do tapete. Tentava lembrar, mas não vinha nenhuma idéia, começou a apavorar-se; nisso a secretária disse: deseja uma água? Sente-se por favor. Encabulado, sentou-se. Tomou um gole de água, arrumou-se na cadeira, e quando a secretária disse: doutor, o paciente já chegou, tomou coragem de levantar a voz e corajosamente disse: pode mandá-lo entrar."

segunda-feira, 21 de outubro de 2013

Rótulos

A frase “o inferno são os outros” nunca fez sentido pra mim. Sempre tive a impressão de que o inferno existia, mas que não era algo existente no mundo real, nem situado em qualquer outro lugar que não fosse minha consciência e meu estado de espírito. O inferno, na realidade, era eu. Cresci com essa idéia. Tornei-me adulta com essa idéia.

Bem, se o inferno sou eu, ele está em mim e eu nele, num uníssono horrorizante, num confundimento de existências e personalidades, se faz lógico concluir que aniquilar o inferno só depende de mim. Lógica formal, tal qual uma caixa de sapato sem sapato dentro: quadrada e vazia. Passei anos tentando aniquilar o inferno. Fracassei. O mundo continua ruim.

E é aí que mora o perigo. Ao desprezar-se tanto, o pensamento não consegue pensar em outra coisa que não em si mesmo. Ao culpar-se pelo mundo, ao odiar-se por tudo que acontece, ao querer não existir, é justamente aí que se põe em foco. Querer esquecer-se toma, então, o rumo contrário. Pensar em si mesmo toma todo o tempo, todo o minuto. Anti-narcisismo, porém com o mesmo efeito prático. O observador de fora só consegue perceber a dedicação incansável com que você pensa sobre si mesmo. Não consegue discernir o amor do ódio que sente. É impossível explicar aos outros o que se sente.

Esse paradoxo é uma bela demonstração das relações nesse mundo. De fato é possível comunicar-se? Quando se está entretido em não prejudicar o outro, em exigir de si mesmo ser o melhor ouvinte do mundo, é justamente aí que surge o efeito reverso. Ao se obrigar a ser o melhor que consegue pros outros, automaticamente o foco que estaria no outro, muda e vem em sua própria direção. Não é mais no outro que você pensa, é em você. Ao se preocupar em ser o melhor que pode, acaba deixando que surja uma barreira feita de espelho entre você e o mundo. As tentativas vãs de olhar – e se Deus existisse ele saberia o quanto gostaria de te enxergar, o quanto eu gostaria de te ver! – pro outro são esmagadas pela vontade de não errar. Não errar significa Ter atenção dobrada. Ter atenção dobrada significa observar cada passo seu, cautelosamente. Observar todos os seus próprios passos significa não enxergar nada além dos próprios pés.

Seria inútil tentar te explicar. Jamais entenderia. Tudo que você enxerga é minha imagem caminhando sozinha, olhando pra baixo e pra si mesma, sem se importar com nada ao redor. É isso que você vê em mim. É essa a imagem que passo. É isso que sou na prática. Ao pensar em você, me perco nos espelhos em minha volta e me perco na interpretação das coisas. Ao seguir meus passos, poderia jurar que o movimento ao redor, que os pés que tanto olho, eram na verdade seus. Podia jurar que você tava comigo. Triste saber que caminhei sozinha. Que te deixei sozinho. Que essa solidão nos consome.

Dentro de mim parece que o tempo é sempre diferente. Parece que vivo em outra dimensão. E agora, pensando em tudo isso, percebo que faz sentido me sentir assim. Tudo que penso se reverte numa prática grotesca de narcisismo e auto-sabotagem. Te faço mal porque te amo e me odeio. Te fazer mal é um jeito de me atingir, de me manter infeliz. E isso é narcísico pra caralho!

Ao te amar, escondo meu auto-ódio e arranjo um perfeito álibi para destruir  uma das coisas que mais tem valor na minha vida. Ao pensar em você, arranjo um motivo para pensar em todos os meus defeitos. Ao querer te fazer feliz, me lembro que com os itens anteriores – te amando e pensando em ti – se torna impossível atingir esse objetivo. O fato de eu te fazer mal é o que prova o quanto te amo. Se não fosse importante pra mim, eu não teria essa necessidade de estragar seu humor e tirar sua paz.

O ser e o parecer ser são um verdadeiro mistério, impossível estabelecer precisamente a fronteira entre um e outro. Difícil saber o que se é. Difícil entender que nem sempre o que parecemos ser – pelas atitudes – podem não corresponder aos desejos e crenças mais profundos e intensos e verdadeiros. A complexidade de querer ser algo e não conseguir, somada às expectativas externas, gera o caos. Expectativas externas acumuladas ao longo da vida, assimiladas de qualquer comentário banal, internalizadas como regra de vida. Só é possível viver quando se é perfeito. Só é possível ser perfeito se cuidando a cada passo e a todo instante. A busca pela perfeição do que dizem que somos – ou devíamos ser – leva ao estado catatônico de inércia e imersão profunda no próprio desespero e descontentamento.

Ao me enxergar assim, tão egoísta, orgulhosa, vaidosa, narcisista, por favor, não se engane no velho duelo entre essência e aparência. O que me preenche,  espelho nenhum consegue refletir. Desejo desesperadamente quebrar esses espelhos. Transpor a barreira. Conseguir enxergar além do meu próprio passo. Tirar meus pés do foco e ser livre para focar seus olhos. Ser livre do ódio a tudo que amo. Ser livre de mim mesma, do inferno criado na briga homérica entre aparência e essência.

Vencer este inferno auto-imposto é a regra para conseguir te amar como você merece ser amado. Sem espelhos. Sem rótulos.


domingo, 5 de maio de 2013

o ser e o nada


Acordou com o barulho da ré de um caminhão, aquele “piiip piiip” que encalacra nos ouvidos. Já chegara a encomenda, tão cedo?
Lembrou-se que tinha combinado de vê-la – a moça - ainda antes do almoço, e portanto a encomenda não estava tão adiantada quanto parecia. Era preciso que ela fosse entregue tão cedo, pois precisava chegar antes da visita.
Aguardou na cama, ainda deitado, olhando o teto, alguns minutos até ter a certeza de que o caminhão teria conseguido entregar a encomenda com êxito. Apesar de ser hoje o dia de encontra-la – a moça - e apesar da sua encomenda pro encontro Ter sido entregue em pontualidade britânica, não estava feliz. Seu olhar fadigado, seu semblante frustrado, sua boca muda. Não se anulava, posto que sua cabeça fervia de idéias e indignações. Mas a boca, ah... esta sim, fazia parte do complô armado contra ele por todos aqueles a quem ele amava, e mais do que isso, fazia questão de exibir um sorriso petrificado em todos os encontros. Maldita boca de pedra. Malditos olhos que de tão belos ofuscam tanta dor e frustração.
Os músculos, estes sim lhe eram fiéis. Recusavam-se a botar seu corpo em marcha, sempre que sabiam o que a cabeça pensava mas a boca não dizia. E nesse dilema interno permaneceu por vários minutos. Briga épica entre cérebro, músculos e coração. 
Gostaria de não precisar passar por isto pra encontra-la. Não seria o amor um ato máximo de entrega e compreensão? Quem sabe nos livros. Ou nos filmes. Não naquele apartamento.
Ouviu a campainha do seu apartamento tocando e, poucos segundos após, o ronco do caminhão anunciando que estava indo embora. Levantou-se e foi até a porta, uma caixa repousava sobre o tapete do corredor.
Pegou a caixa, abriu-a e consentiu com a cabeça. Estava ali, o machado que tanto precisava pro encontro. Sentia-se pronto, agora. Sabia que não queria usa-lo durante o encontro, mas caso se sentisse muito sufocado durante a conversa, teria esta válvula de escape, por mais que soubesse que não era a melhor saída. Tem dias que conversar com ela dá um revertério e sente uma imensa vontade de soltar a besta – ou os pensamentos, como preferir – interna, sem pensar nas consequencias. Sem auto-controle. Sem repressões. Não gostava de ter esses rompantes enérgicos e impensados, porém nem sempre era possível se conter. Sentia-se seguro tendo o machado por perto. 
Tomou banho e pôs-se na sacada, fumar um cigarro e espera-la. Ela o viu de lá debaixo, e acenou. Ele, nervoso, esboçou um sorriso amarelado, porém fez o melhor que põde. Sabia que em alguns minutos, nem isso seria possível. Maldita boca de pedra. Maldita boca de pedra.
Ela chegou. Já nem batia a campainha, apenas irrompia pela porta, tal qual a rainha em meio aos súditos. Entrou, e como de costume, lhe deu um abraço molhado. O abraço mais gelado e envolvente de todos. O frio do abraço nem lhe importava, porque pelo menos a sensação molhada se espalhava pelo seu corpo todo e ele se sentia acolhido. Petrificadamente acolhido. Aquele toque era como concreto pra ele, e ele se sentia estátua perto dela. Se sentia inanimado. Se sentia tão importante e notado quanto o poste que sustenta os fios de luz lá na rua.
Após o abraço, horas se passaram. Ela falou de tudo, de muitas coisas, sempre falava. Estático, ele ouvia. Sorria com os olhos, mas ela não notava.  Ao ficar perto dela, se sentia uma Medusa, porque ela nunca, jamais, o olhava nos olhos. Apesar de estar impossibilitado pelo abraço molhado de concreto, ele se esforçava pra dar o melhor de si ainda sorrindo com os olhos, visto que a boca era uma traidora, e os músculos teimosos, e o fato de ela nunca perceber o esforço brutal que fazia pra mostrar empatia com o olhar lhe causou ódio.
O que antes lhe parecia um charme e doçura travestido de loucura, ou quem sabe até mesmo autismo, por parte dela, agora se transformava num terrível ato de egocentrismo e individualismo puro. Como ele nunca percebera quão egoísta ela era? Como nunca vira que o seu abraço de concreto ao invés de aconchegante e envolvente, o transformava num ser inanimado, intocável e completamente solitário? Sentiu-se usado. Lembrou-se do machado.
Fez um esforço fenomenal pra mexer um braço, levantar e alcançar seu machado ainda na caixa. Ela nem sequer notou sua dificuldade. Aliás, ela nem sequer notou que ele havia se mexido.
Um enjôo visceral lhe subiu o peito, enquanto seus olhos se enchiam de lágrimas. Não queria Ter que usar o machado. Não aguentava mais aquela situação.
E sem dizer uma palavra, em silêncio e em desespero, deu um golpe certeiro bem no centro do crânio. Esfarelou-se. 
Ela ouviu um barulho de algo quebrando, como se fosse um vaso ou algo similar, mas não se importou muito com o fato. Até que viu tantos pedaços no chão, pedaços de concreto, mil pequenos pedaços. Olhou assustada pra todos eles no chão, e hesitou por alguns instantes em puro silêncio. 
Chutou alguns pedaços para o lado, pois atrapalhavam seu caminho. Passou por cima deles. E saiu pela porta reclamando da sujeira do apartamento.

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

quero morrer.

o fim nem sempre é tão mórbido quanto parece.
querer morrer às vezes significa querer matar tudo de ruim e renascer.
adoraria renascer.
porque tudo, hoje, parece igual sempre foi.
tudo vazio.
me vejo novamente no ponto de partida.
não aguento mais recomeços pela mesma estrada.
quero um verdadeiro novo começo.
quero matar todas essas coisas ruins.
quero morrer.

domingo, 6 de janeiro de 2013